A maconha, conhecida por seus efeitos relaxantes em humanos, tem se tornado uma ameaça silenciosa para os cães. Veterinários de Nova York estão alertando sobre os riscos da intoxicação canina pela substância, que pode causar sérios problemas de saúde nos animais. Enquanto para as pessoas a erva pode trazer sensações de calma, para os cachorros os efeitos são opostos e potencialmente perigosos.
Entre os sintomas mais comuns da intoxicação por maconha em cães estão letargia, dificuldade para caminhar (andar errático e bamboleante), excesso de salivação, perda de controle da urina e reações exageradas a estímulos como luz e som. Embora os veterinários afirmem que não há registros de mortes diretamente causadas pela ingestão de maconha, a combinação da substância com chocolate — altamente tóxico para os animais — pode ser fatal.
O tratamento para a intoxicação canina por maconha, embora simples, pode levar dias para surtir efeito completo. Isso ocorre porque o organismo dos cães processa a substância de forma mais lenta e intensa do que o dos humanos. Por exemplo, um cookie de maconha que deixa uma pessoa de 68 kg "chapada" pode ter um efeito dez vezes maior em um cachorro de 6 kg. O tratamento geralmente inclui indução ao vômito, se a ingestão for recente, e cuidados para manter o animal hidratado e em repouso em um ambiente tranquilo.
Um dos maiores desafios enfrentados pelos veterinários é a dificuldade em identificar a causa dos sintomas. Muitos donos de cães intoxicados sentem-se constrangidos em admitir o uso da substância, especialmente quando estão acompanhados de familiares que desconhecem seus hábitos. Richard Goldstein, médico-chefe do Centro Médico Animal de Nova York, relatou casos em que os pais dos donos pediram ajuda para entender as consequências dos atos dos filhos.
A ingestão de maconha por cães pode ocorrer tanto em casa quanto durante passeios. Os animais, conhecidos por engolirem qualquer coisa que encontram pelo caminho, podem acabar consumindo a substância de forma acidental. Os veterinários ainda investigam se os cães têm uma tolerância naturalmente baixa ao THC, o composto psicoativo da maconha, o que explicaria a intensidade dos efeitos nos animais.
Os casos de intoxicação canina por maconha têm aumentado significativamente. Dados mostram que, entre 2010 e 2015, houve um crescimento de 110% nos registros, com Nova York ocupando o segundo lugar em ocorrências, atrás apenas da Califórnia. Esse aumento está diretamente relacionado à legalização e ao uso mais frequente da substância em alguns estados dos EUA.
Para evitar acidentes, é fundamental que os donos de cães mantenham a maconha e seus derivados longe do alcance dos animais. Além disso, pessoas que preparam alimentos com a substância devem descartar os restos de forma segura, evitando que cães de rua ou outros animais tenham acesso a eles. A conscientização sobre os riscos da maconha para os pets é essencial para garantir a saúde e o bem-estar dos animais de estimação.